Fomos crianças felizes, os sorrisos não deixam mentir.
Vivemos a nossa infância nos anos 80, quando ainda não era imprescindível ter de frequentar o infantário, era o irmão mais velho que olhava pelo mais novo.
São oito anos e meio que nos separam, o suficiente para fazer com que o meu irmão assumi-se certas responsabilidades que hoje são impensáveis para uma criança com menos de doze, treze anos.
Vestia-me, penteava-me, e cortava o meu cabelo (com muito jeitinho) quando eu, sem saber muito bem como, lhe colava pastilhas elásticas!Quando eu não queria comer, fazia "cara feia" e usava as mais variadas técnicas até o prato estar quase vazio.
Foi para junto dele que tentei fugir, quando a professora chamou o meu nome no primeiro dia de aulas.
Foi com ele que visitei o primeiro museu, fiz as primeiras bolas de sabão e juntos acompanhámos o crescer de um pé de feijão.
Foi ele que me alertou para os malefícios do tabaco e ensinou-me o que era a camada de ozono.
Claro que a nossa diferença de idades também nos trouxe algumas “birras”. Ele era já um homem quando eu entrava na “idade parva” da adolescência, altura em que tínhamos muitas divergências. Mas mesmo assim, foi na sua cama que quis dormir quando a "Tropa" nos separou pela primeira vez e lembro-me de nessa noite, adormecer a pensar em como sentia a sua falta.
Agora, quase 30 anos depois de eu ter entrado na sua vida, penso muitas vezes que se não fosse o meu irmão, eu seria uma pessoa completamente diferente e que nunca vou conseguir compensá-lo por tudo o que lhe devo.
Bons Encontros!